I guess I'll die another day

Porque a vida é feita de avanços e retrocessos, conquistas efémeras e batalhas perdidas, mas cada dia que nasce é uma nova oportunidade.

Saturday, June 10, 2006

Batimentos nocturnos


Entrou no meu quarto com os movimentos cambaleantes de quem não sabe muito bem para onde vai. Eu estava a rever uma aula quando dei pelos seus batimentos secos e a vi deslocar-se desajeitadamente na minha direcção. Depois de umas quantas voltas pelo meu espaço, lá pousou, inconstante, na mesa de cabeceira. Ali ficou hipnotizada pela luz, finalmente em repouso. Era uma daquelas borboletas nocturnas, de cores escuras e ar discreto. No início a sua presença incomodou-me: não estava à espera de companhia aquelas horas da noite. Mas acabei gostar de não me sentir sozinha. Quando dei o meu dia por terminado, apaguei a luz e fiquei a ouvir, no silêncio, os seus batimentos. De manhã, nem sinais dela. Talvez tivesse encontrado novamente a janela ou talvez estivesse caída algures pelo quarto. Nessa noite acordei de madrugada com os mesmos sons... ainda por lá andava. Tive pena dela, por sabê-la aprisionada, mas sorri por ainda não ter partido. Na noite seguinte senti falta dela.

3 Comments:

Blogger Orlando said...

:)

4:12 PM  
Anonymous Anonymous said...

:) também.

Nunca tinha pensado numa borboleta como companhia. Mas porque não? Consegues mesmo ouvir o bater das asas no silêncio da noite? Porque voa ela no escuro?

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

6:06 AM  
Blogger Ana said...

Sim Jaime, conseguem ouvir-se as asas, até porque ela ainda era grandita :) E voa no escuro porque é, precisamente, uma borboleta nocturna, só as encontramos activas à noite. Daí serem normalmente de cores mais discretas... não precisam de ser espanpanantes. :)

4:21 PM  

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